terça-feira, 27 de julho de 2010

Fênix

Garrafas sem cartas
Paredes com marcas
Mãos quietas
Olhos em alerta

Cabelo vermelho
Vazio espelho
Maquiagem espalhada
Possíveis escapadas

Segredos guardados
Desejos selados
Coração que espera
Boca que atrela

São escolhas certas
E não escolhas de sorte
Ela espera pela vida
E sua vida pela morte.


Bruna Bugana

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quiçá

A minha vida, meus amores, minhas dores. Nada é igual, mas ainda a mesma.
Ontem acordei cedo e fui resolver meus problemas. Ao som de música popular brasileira elaborei planos e quis ficar com os amigos. No chuveiro uma melodia alegre, sorriso no rosto, beijos de graça e o relógio correndo.
Hoje, ao despertar, resolvi ficar na cama. Solos de guitarras magoadas acariciavam o cinza do dia e minha pele seca. Queria ficar comigo enquanto o ponteiro se arrastava, um gosto ruim e saudável na boca. Serpentes de Luz del Fuego e armas de Quitéria. Sem planos, sem expectativas.
Amanhã. Quiçá doçura ou ojeriza, calor ou frio, dança ou luta. Acredite ou não, ainda a mesma. Quiçá.



Bruna Bugana

terça-feira, 6 de julho de 2010

Equilibrista

Daqui de cima tudo fica tão pequeno. Não sei se é o egoísmo ou a solidão acolhedora que não me faz querer descer. Meus problemas, meus medos ou minhas lágrimas não abalam este fio. Por mais que, para muitos, viver aqui em cima seja um perigo, para mim é um refúgio. Eu vivo do meu equilíbrio. Meus pés são os únicos responsáveis por mim e pelo meu firmamento. Eu ando como desejo e vou aonde quiser. Foi assim e sempre será.
Ei! O que é isso? O que você está fazendo? Tire já esta mão daí! Não estou brincando! Essa corda é minha vida, se continuar balançando eu vou cair! Eu já falei! Por que não me derruba logo? Não me segure! Eu vou para onde eu decidir, não você. Solte-me!
Isso! Muito bem. Coloque-me onde eu estava! Isso! Agora sim. Mas por que a corda ainda balança? Não, não, não! Eu preciso do meu equilíbro, volte! Eu preciso daquilo que você levou! Pare essa corda! Volte! Por favor! Eu preciso de você. Não vá embora. Não vá!

Eu não consigo me levantar, estou agarrada no meu fio. Não posso chorar, pois qualquer distração me fará cair. Eu preciso daquele ser, eu preciso ter de volta minha capacidade de me equilibrar.
Daqui de cima fica tudo tão pequeno. Triste e só.


Bruna Bugana