sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sopro

O vento sopra e ela fecha os olhos. Por um momento não existe mundo, só a vida. Ela sorri internamente enquanto a pele se arrepia pelo desejo contínuo de ser sempre assim. A incredulidade já não é mercênior dos seus pensamentos e deles epitáfios são vomitados a respeito do seu eu que se esvaiu. Sente ter acordado de um pesadelo ou começado a sonhar. A patrística interior dissipa-se e tudo há de ser dividido. Tantas razões que perdem a razão. Viva! Ardente! É assim que deve ser, é assim que ela quer. Ela abre os olhos, alí ele está e o vento sopra.


Bruna Bugana

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Morte do batimento

Seu caixão desce, mergulhado no ácido das palavras mortas. Sentirei sua falta, companheiro; mas por favor entenda, não foi escolha minha. A companhia da solidão será mais fácil sem você, o perdão mais protegido, os dias mais gris e as janelas da alma vigiadas por muros. Embora a frieza ocupe teu lugar, sempre te amarei mais.
Você faz, ou melhor, fez parte de mim e levarei comigo algumas lições ensinadas por ti. Os tapas na face cavaram a tua cova, porém não me iro contra eles; foram necessários para aprender o tamanho das mãos que aperto. É uma pena que tu sejas enterrado junto à consideração. Espero saber caminhar sem ti, companheiro. Leio sua lápide pela última vez, onde diz: " Aqui jás o grande bom coração". Farás falta. Adeus.


Bruna Bugana